No telegrama, firmado pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, o Papa conclui invocando o “Deus altíssimo e misericordioso, para que siga guiando sempre o caminho da humanidade no caminho da justiça e da paz”.
A mensagem foi acolhida calorosamente pelos cerca de 200 participantes, muçulmanos e cristãos, do encontro que iniciou na quinta-feira passada, na Mariápolis de Castel Gandolfo, com o tema “Amor e Misericórdia na Bíblia e no Alcorão”.
O evento é promovido pelo movimento dos Focolares e celebra-se desde 1992, ainda que as primeiras iniciativas de diálogo começaram em Magreb, há décadas. No encontro atual, participam representantes de países como Jordânia, Líbano, Turquia, Estados
Unidos, Itália.Entre os conferencistas, destacou-se a participação, no sábado, do cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, que falou da importância do diálogo inter-religioso para a paz entre os povos.
O cardeal Tauran explicou em sua intervenção que o diálogo inter-religioso “não tenta estabelecer, com um critério redutivo e sincretista, uma base comum minimalista de verdades religiosas”, mas sim “reconhecer que todos os que estão em busca de Deus ou do Absoluto têm a mesma dignidade”.
Existe, “graças, sobretudo aos muçulmanos”, um retorno da religião ao cenário mundial, como contribuição essencial para estruturar a sociedade internacional do século XXI, inclusive mais que as ideologias do século XX”, explicou o purpurado. “Não se pode entender o mundo de hoje sem as religiões”, acrescentou.
No entanto, precisamente por isso, é necessário que as religiões “não se convertam em fontes de medo, coisa que hoje sucede, infelizmente, por culpa dos fundamentalismos exasperados”, explicou. “É fato que hoje se mata por motivos religiosos, mas não são as religiões que fazem guerra. Daí nasce a necessidade de pôr as mensagens das religiões a serviço de um projeto de santidade”.
O diálogo entre as religiões, concluiu, deve ser considerado “quase como uma peregrinação”, pois quando “se conversa com um seguidor de outra religião, é necessário ter a atitude de quem se põe a caminho com ele e toma em consideração convicções diferentes das próprias sobre os grandes questionamentos que interpelam o ser humano”.
“Não é a própria fé que deve ser questionada, mas a forma de vivê-la na existência concreta”, acrescentou.
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