domingo, 6 de abril de 2008

Natalia Dallapicolla, a primeira a seguir Chiara, concluiu a sua viagem terrena

Faleceu na terça-feira, 1º de abril, em Rocca di Papa. Tinha 83 anos. Desempenhou um papel determinante para a difusão do ideal da unidade no Leste Europeu e no diálogo inter-religioso
“Na vida e na morte eu estou sempre com você”. Foi a promessa que fez a Chiara Lubich e que se realizou. Natalia Dallapiccola, a primeira que seguiu Chiara nesta terra, em 1943, foi a primeira que a acompanhou, apenas poucos dias depois, ao Paraíso. Tinha 83 anos. Faleceu na noite de terça-feira, na sua casa em Rocca di Papa, pouco depois das 21 horas, devido a distúrbio cardíacos e pulmonares. Com ela estavam Graziella De Luca, Valeria Ronchetti, Vittoria Salizzoni e Doriana Zamboni, as primeiras companheiras, dos primeiros tempos, com quem vivia. Natalia esteve consciente até o fim.

Poucas horas antes de deixar-nos havia meditado sobre uma página de Chiara, que modelou a sua vida: “Tenho uma só mãe sobre a terra, Maria Desolada... no seu stabat, o meu estar, no seu stabat, o meu caminhar”. Exprimiu a quem lia para ela a sua plena adesão e gratidão: “Sim, era exatamente o que eu queria”.

Natalia Dallapiccola nasceu em uma pequena cidade sobre os montes trentinos, Fornace, em 27 de junho de 1924. Conheceu Chiara em Trento, onde morava com sua família, em junho de 1943. Estava atravessando uma profunda crise, depois da perda do pai e da devastação da guerra. Precisou interromper os estudos e trabalhar para ajudar a família. “Aos poucos a música, a natureza, as amizades perdiam o seu valor. Encontrei-me numa profunda escuridão, até acreditar que não existia amor sobre a terra”.

Em Chiara a impressiona a harmonia, exterior e interior, e as palavras com as quais comunica a sua grande descoberta, “Deus é amor”: “Mas se o amor é a coisa mais bela que existe sobre a terra, o que será Deus que o criou?”. E Natalia dirá: “Sentia-me elevada para o alto, em Deus. Via toda a vida passada, com suas circunstâncias alegres e tristes, como ligadas por um fio de ouro do seu amor; e na alma a certeza que Deus me amava imensamente. Este amor imenso e pessoal de Deus transformou a minha vida”.
Natalia viveu com Chiara no primeiro focolare de Trento, na Praça dos Capuchinhos, e depois em Roma.

No Leste Europeu – Em 1959 desempenhou uma função determinante na fundação do focolare de Berlim Ocidental. Fez parte do primeiro grupo que atravessou o muro, em 1962, junto com focolarinas e focolarinos médicos, chamados pelo bispo de Leipzig, para trabalhar no hospital católico da cidade, carente de profissionais da saúde devido às fugas para o ocidente. O seu segredo era a fidelidade à escolha de reviver Maria Desolada, no seu “stabat” aos pés da cruz, no momento em que Jesus lança ao Pai o grito de abandono. Reconhecia e amava o seu semblante, que se apresentava a cada passo. Natalia sustentava quem partilhava com ela o empenho de construir a unidade em cada ambiente. Um fato desconcertante, e que se tornava “contagioso”. Foi uma surpresa encontrá-lo documentado nos relatórios da Stasi, a polícia secreta alemã: fala-se do “programa do Movimento ‘Fucolar’ de criar “uma forte unidade religiosa apesar das opiniões nacionais diferentes”. Era uma corrente de amor que passava de pessoa a pessoa.

Diálogo inter-religioso – A partir de 1976 esteve no Centro do Movimento. Sua saúde já estava seriamente comprometida. Em 1977 não pode acompanhar Chiara na sua viagem a Londres, onde recebeu o prêmio Templeton para o progresso da religião. Pelo interesse surpreendente demonstrado por representantes das várias religiões presentes na Guidhall, diante da narração da experiência espiritual da fundadora dos Focolares, aquele evento marcou a fundação do diálogo inter-religioso no Movimento.
De Londres Chiara telefonou a Natalia e lhe confiou este novo encargo, com uma recomendação: “Ama-os!”. Foi o que ela fez em todas as ocasiões, como as assembléias mundiais da Conferência Mundial das religiões pela Paz (WCRP), na qual representava Chiara. Estabeleceu relacionamentos profundos com vários líderes do mundo hebreu, muçulmano, hindu, budista, etc., e preparou desse modo os desenvolvimentos que nasceriam dos encontros deles com Chiara.

Formação espiritual – Desde o início, pela profundidade especial com a qual vivia a espiritualidade da unidade, desempenhou uma função importante na formação espiritual dos membros do Movimento. Chiara deu a Natalia o apelido de “Anzolon” (no dialeto trentino significa “anjo”), pelo amor sempre vivo que existia nela para com todos, vivido com radicalidade deste o princípio.

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