sábado, 16 de fevereiro de 2008

Deputada Luíza Erundina faz análise de conjuntura no ENP

Encerrando as atividades do segundo dia do 12o Encontro Nacional de Presbíteros (ENP), nesta quinta-feira, 14, a deputada Luíza Erundia falou aos 450 padres fazendo uma análise da conjuntura política e econômica do país.

Na sua análise, a deputada criticou o crescimento do país que avaliou como muito pequeno. “Estamos estagnados. Países com menos recursos potenciais que o Brasil estão à nossa frente. A média mundial gira em torno de 4% enquanto o Brasil não consegue ultrapassar os 3%”.
A deputada afirmou que o Brasil se beneficiou muito do crescimento econômico dos países ricos nos últimos cinco anos. “Na medida em que países ricos crescem, o capital excedente aumenta e, consequentemente, eles passam a ter mais possibilidade de investir em países como o Brasil”, disse. Para Erundina, essa é uma das razões pela qual é possível afirmar que os indicadores macroeconômicos do Brasil “não são frutos de um acerto do atual governo, mas de uma situação econômica favorável na vida dos países desenvolvidos”.
Segundo a deputada, a crise da economia norte-americana é sinal de que as coisas não vão bem. “A reação diante desse quadro de crise, que beira à recessão, é o fortalecimento da produção de tecnologia militar. A venda de armas é uma das saídas que o governo norte-americano procura utilizar. Contudo, para que armas sejam vendidas, é preciso que haja guerras. E aí eles investem em guerras artificiais,” explica. Na sua opinião, também o crescimento da China preocupa os Estados Unidos. “Do ponto de vista da geografia política o crescimento da China é bastante interessante. Desde a queda da União Soviética o mundo convive apenas com um pólo. Dentro desse contexto, a China pode se tornar um outro polo”.
Ao se referir à América Latina, Erundina aponta a integração regional (Cone Sul) como forma de fortalecer o poder dos países, desde que não fique apenas no plano comercial, mas também nível político, social e cultural. “Vemos muitos países resgatando a soberania nacional, destruindo a idéia de um Estado mínimo, presente em toda política neoliberal. O Brasil tem que investir mais nessa integração regional. É por isso que não perdôo o Lula por ter chamado Bush de companheiro”, enfatizou a deputada.
Papel da Igreja
Ao ser perguntada sobre qual o papel da Igreja diante deste cenário, Erundina respondeu que a Igreja deve continuar formando e organizando o povo. “A motivação para minha ação veio, em primeiro lugar da Igreja e do Evangelho vivo”, justificou.
Em entrevista exclusiva à assessoria de imprensa do ENP, a deputada que a diversidade de tantos padres lhe chamou a atenção no Encontro dos Presbíteros. “Chamou minha atenção a diversidade de origem, de idade, e experiência e de compreensão das coisas. É um grupo muito rico e expressa a realidade da diversidade da Igreja no Brasil”, considerou.
Também o clima de informalidade do encontro foi destacado por Luíza Erundina. “Tinha uma energia circulando entre vocês que denuncia a presença de Deus entre vocês”. Para ela o encontro dos presbíteros “é o encontro da Igreja antenada com o povo, com os seus anseios e seus problemas”. Para ela, os padres devem continuar “ajudando o povo a acordar para ler a realidade com sua cabeça, fazendo-o a acreditar em si mesmo. Essa é a força que vai mudar o país”.


(Fonte: CNBB. Todos os direitos reservados.)

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